Para cada 100 presos do sistema penitenciário do Acre existe um agente, quando o recomendável é um agente para cada cinco detentos.
Foi o que revelou o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre durante audiência pública na Assembléia Legislativa para tratar da complexidade do sistema prisional do Acre.
O debate foi promovido e organizado pela Comissão de Serviço Publico Trabalho e Municipalismo da ALEAC, presidida pelo deputado Éber Machado (PDT).
No encontro, tanto os representantes do agentes penitenciários, categoria que conta com um sindicato e uma associação para defender seus interesses, puderam externar a situação atual do sistema, as condições de trabalho e as reivindicações.
Os depoimentos revelaram um quadro que até a sociedade já conhece, mas que o poder executivo teima em negar.
Lucas Bolzoni, presidente do Sindicato da categoria, disse que o número de agente na ativa é insuficiente para atender a necessidade nas sete unidades prisionais, e que os trabalhadores atuam, em muitos casos, em condições insalubres.
¨ Temos companheiros que estão sob tratamento para combater a dependência química. Outros que precisam de acompanhamento psiquiátrico. Fazem dez anos que o governo não realiza um concurso e há quatro tivemos o último reajuste salarial¨, lembrou.
Bolzini ainda cobrou reajuste salarial de vantagens, para custear, pro exemplo, plano de saúde.
O quadro apresentado pelos agentes já era de conhecimento da comissão, que no mês passado fez uma inspeção no presídio Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco, a maior unidade prisional do estado.
Curiosamente, a audiência aconteceu no dia seguinte a uma fuga em massa da unidade. Nos últimos seis meses, segundo o sindicato, 63 detentos fugiram dos presídios do Acre.
O diretor do presidente do Instituto de Administração Penitenciária (IAPEN), Aberson Carvalho, que participou do debate, não comentou as denúncias. Ele direcionou sua fala para dizer que o governo vai ampliar, até dezembro, o número de vagas nas penitenciárias. Serão quase duas mil.
O Ministério Público do Trabalho, órgão para o qual o Sindicato iria direcionar várias denúncias, não enviou representante ao evento.
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