Novo prefeito de Lábrea diz que recebeu a cidade com dívida superior a R$ 40 milhões



Eleito com 72% dos votos válidos, o novo prefeito de Lábrea (AM), Gean Barros (PMDB), tem pela frente um desafio tão grande quanto seu desempenho nas urnas.

O novo gestor assumiu uma prefeitura que antes de encerrar o mandato do ex- prefeito Edvaldo Gomes (PSD), já não pagava a folha salarial, fornecedores e estava inadimplente para receber repasses do estado e da União.

" A gente só viu o tamanho da encrenca quando assumimos de fato a gestão. Pelo que vimos teremos de recomeçar do zero e precisamos de pelo menos dois anos para sanar todos os problemas que herdamos. Determinei um levantamento minucioso para termos um raio da herança negativa que herdamos e assim, cobrar, pelos meios legais, a responsabilização daqueles que saquearam o município", disse Gean Barros, que por conta da situação financeira crítica das contas do município, teve que adotar medidas rígidas de contenção de gastos.

Na primeira semana de mandato, Gean e sua equipe se debruçaram sobre as contas do executivo e conseguiram organizar a questão salarial dos funcionários públicos. Foram precisos apenas dois meses para colocar o pagamento em dias e negociar dívidas com fornecedores que começaram a receber os pagamentos.

Mas a "herança maldita" estava espalhada em outros setores. Com a companhia de Eletricidade do Amazonas, a dívida é superior a R$ 4 milhões. Nos ultimos quatro anos, a prefeitura não fez nenhum recolhimentos de diretos trabalhistas do servidores, não prestou contas com a receita e nem explicou onde foram parar os recursos para obras inacabadas que no projeto, aparecem como concluídas e entregues.

" No levantamento pre liminar, a dívida deixada supera os quarenta milhões. Queremos concluir esse levantamentos nos primeiros cem dias, mas se calcula algo em torno desse valor", disse o prefeito.

Saúde estava em colapso

O hospital da cidade, mantido numa parceria entre estado e município está parcialmente interditado. A unidade sofreu essa penalidade operacional porque a estrutura colocava em risco profissionais e pacientes.

Todas os procedimentos de média e grande complexidade foram suspensos por falta de equipamentos e medicamentos, além da questão de pessoal, já que os médicos pararam de atender porque não recebiam salários.

Nos postos de saúde, os prontuários mostram que os ultimos atendimentos datam de maio de 2014. As UBS (unidade básicas de Saúde), estava, fechadas por falta de medicamentos, de pessoal e por questões de infra estrutura dos postos.

" Esse abandono foi em todos os setores, não existe um setor que podemos dizer assim: ollha, aqui "tá mais ou menos". Saquearam as contas públicas e não deixaram nada para a gente começar nosso trabalho", revela o prefeito.



Ano letivo comprometido

O rombo financeiro herdado pela gestão de Gean Barros afetou diretamente um dos setores primordiais para qualquer administração: a educação.

O ano letivo em Lábrea, seriamente comprometido, foi iniciado graças a um esforço da nova equipe que identificou e resolveu os problemas emergenciais. Escolas que estavam precárias receberam obras imediatas e a equipe pedagógica entendeu a necessidade de não deixar milhares de estudantes foram da sala de aula.

Mas no mesmo setor, obras inacabadas reprovam todos os investimentos que deveriam ter sido realizados. A gestão passada gastou o dinheiro e não concluiu três creches que deveriam ter sido inauguradas em 2014.
Segundo Gean Barros, no projeto, essas obras constam como concluídas e entregues á comunidade.

Barros disse que essas obras serão retomadas e concluídas, mas o reinicio dos serviços depende da regularização administrativa da prefeitura que está inadimplente para firmar convênios com o estado e com o governo federal.

Consórcio da Calha do Purus

A calha do Purus é a macroregião que concentra seis cidades do Sul do Amazonas que estão localizadas ás margens desse importante afluente. Os prefeitos de Boca do Acre, Pauiní, Lábrea, Canutama, Tapauá e Berurí pretendem criar o Consórcio da Calha do Purus, para juntos, pleitearem recursos para essa região em uma pauta coletiva.
A proposta do consórcio é do próprio Gean Barros, que tem na bagagem a experiência de ter administrado anteriormente a cidade de Lábrea em dois mandatos.

“Essa proposta é para fortalecer essa região. Todos com o planejamento de levar nossas demandas para a esfera estadual e nacional. Nós temos que trabalhar em conjunto. Hoje a principal proposta que eu levo em consideração é essa de mostrar como os atuais prefeitos estão recebendo seus municípios. Todos estão inadimplentes, então o consorcio estando formalizado, vai permitir a assinatura de convênios por meio do consórcio, beneficiando essas cidades que ainda vão precisar de tempo para resolver esses entraves burocráticos. Se a gente for levar em conta a questão administrativa, essa proposta é a melhor saída para nós gestores”, avalia Gean Barros


Moradores esperam por dias melhores

Neste 7 de março, a cidade Lábrea comemora 131 anos de fundação.
Com uma população de 41600 habitantes, a cidade reflete a falta de compromisso da gestão encerrada em dezembro de 2016.
“A cidade estava abandonada. Não havia nem motivos para comemorar essa data”, reclama o professor Augusto Lima, que mora na cidade há 35 anos.

Conhecida pela tradicional Festa do Sol, maior festival de praia da Calha do Purus, Lábrea é também um dos maiores municípios em área territorial do planeta.

Localizada ás margens do imponente rio Purus, Lábrea é a maior cidade da região, com grande potencial na agricultura, que impulsionou a economia para o 36º maior PIB do Brasil.



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