MPF denuncia 21 pessoas envolvidas na

Operação Zagan

Réus são acusados de estelionato, falsificação de documentos e dinheiro e outros crimes

              Em cinco ações penais apresentadas na véspera de 2014, o Ministério Público
Federal (MPF) denunciou 21 pessoas envolvidas em  crimes investigados na Operação
Zagan. Alguns  denunciados  permanecem  presos  preventivamente. A  Operação  Zagan
investigou  mais  de  30  pessoas  por  diversos  crimes  e  apurou  a  existência  de  uma
organização  criminosa  composta  por  núcleos  familiares  ­  parte  das  famílias  Calixto  e
Veloso  Martins.  O  MPF  atua  para  que  outras  denúncias  sejam  ajuizadas  na  Justiça
Federal, abrangendo os demais investigados.

              Os denunciados Marcelo Calixto da Cruz  Júnior, Carlos Alberto Maciel de
Oliveira,  conhecido  como  Beto,  e  Rodolfo  José  de  Oliveira  Paiva  são  acusados  de
formarem associação  criminosa especializada na fabricação de documentos públicos e
particulares falsos, utilizados na prática de estelionato. O MPF contabilizou que Marcelo
Calixto possuía quatro CPFs, dois RGs e uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
falsos. Carlos Alberto também tinha CPF, RG e CNH falsos. Já Rodolfo Paiva possuía
sete RGs, seis CPFs e uma CNH.

                            Os  documentos  falsos  foram  usados  em  processos  judiciais;  abertura  de
empresas;  financiamentos  e  cadastros  de  veículos;  cadastro  em  crediário  de  lojas;
abertura  de  contas  em  bancos,  financiamentos  bancários  e  emissão  de  cheques  sem
fundos. Para comprovar renda, eles contavam com a ajuda de um contador que fornecia
falsa  Declaração  Comprobatória  de  Percepção  de  Rendimentos  (Decore)  ou
apresentavam contracheques das empresas vinculadas ao esquema. Cada um servia de
referência pessoal para o outro, dando aparência de legalidade aos documentos falsos

                           O  uso  de  documentos  falsos  também  foi  o  modo  de  atuar  de  dois  outros
denunciados: Renato Penedo Caxias César (um RG, dois CPFs e dois títulos de eleitor)
e  José Ernandes Veloso  Martins (um  RG,  20  CPFs  e  cinco  títulos  de  eleitor). O  MPF
classificou José Ernandes como “exímio falsário”. Em sua casa foram encontrados todos
os equipamentos necessários para fabricação de documentos falsos, inclusive máquina
de impressão de CPF com o brasão da República, nome e símbolo da Receita Federal.

              Usando um CPF falso, Renato Penedo declarou imposto de renda, mas não
pagou  o  imposto  devido,  estimado  em  mais  de  600  mil  reais.  Os  documentos  falsos
serviram  para  que  eles  constituíssem  empresas  'fantasmas'  na  Junta  Comercial  de
Rondônia,  que  tinham  por  finalidade  desde  serviço  de  psicanálise,  demolição  de
edifícios, a comércio varejista de materiais hidráulicos.

              Os irmãos José Ernandes Veloso Martins, Érica Martins Macena, Ailton Veloso
Macena (um RG, dez CPFs e cinco títulos de eleitor falsos) e Nilson Veloso Maceno (um
RG, dois CPFs e dois títulos de eleitor falsos) e Rodolfo José de Oliveira Paiva, amigo da
família,  são  acusados  de  associação  para  o  crime.  Eles  constituíam  empresa  com
documentos  pessoais  falsificados,  emitiam  contracheques  falsos  e,  com  isso,  abriam
crediários em lojas e contas em bancos.

              Uma outra denúncia do MPF é contra Mário Calixto Filho (proprietário do jornal
Estadão  do  Norte),  seus  filhos  Mário  Calixto  Neto  e  Milene  Riva  Calixto,  seu  sobrinho
Mário André Calixto, além do falsificador José Ernandes Veloso Martins e do empresário
Izaias  Alves  Pereira  Júnior,  conhecido  como  Júnior  da  Graff­Norte.  Esta  organização
criminosa é apontada como responsável por produzir, em 2010, mais de três milhões de
reais em notas falsas de cinquenta reais, que seriam postas em circulação no comércio
ou usadas na campanha eleitoral daquele ano, supostamente na compra de votos.

                           No  exame  pericial,  as  notas  falsas  foram  consideradas  visualmente  muito
semelhantes  às  autênticas  e  possivelmente  seriam  aceitas  como  verdadeiras.  A
qualidade  da  impressão  ocorreu  por  serem  cuidadosamente  fabricadas  em  máquinas
impressoras  profissionais  (off­set)  e  com  papel  especial.  O  falsificador  José  Ernandes
Veloso  Martins  seria  o  responsável  por  fazer  o  acabamento  das  cédulas  falsas,
aplicando­lhes  imitação  de  número  de  série  e  marca  d'água.  Mas  isto  não  chegou  a
ocorrer, segundo o apurado nas investigações.

Notas promissórias

              Outro grupo, formado pelos advogados Elisiane de Lisieux Ferreira, Emilson
Péricles  de  Araújo  Brasil  e  Charles  Roney  Barbosa  de  Oliveira,    com  o  apoio  do
falsificador José Ernandes Veloso Martins e de outras três pessoas – Ana Maria Silva de
Araújo, Manoel Roque da Silva e Weder Silva de Souza – ajuizaram, com base em notas
promissórias  falsas,  ações  de  execução  perante  a  Justiça  do  Estado  do  Acre  para
levantar  mais  de R$  845  mil  que  estavam  à  disposição  de Paul Alexander Church  em
ação movida conta a União e que tramitou perante a 1ª Vara Federal de Rondônia.

              Nesta última, o advogado Adalberto Diniz (OAB/RO 1579) representou Paul
Alexander  Church  (nome  fictício  criado  para  aplicar  o  golpe)  e  ganhou  uma  ação  de
recadastramento  de  poupança,  com  o  argumento  de  que  houve  arrecadação  indevida
dos  valores depositados na  caderneta, que totalizaram, em  valores  corrigidos, mais de
R$  845  mil.  O  advogado  tentou  por  diversas  vezes  sacar  o  dinheiro  da  conta  de  seu
cliente  fictício  (apresentou  procuração  falsa,  cobrou  na  Justiça  os  'honorários
advocatícios' e, inclusive, impetrou mandado de segurança contra gerente do Banco do
Brasil), mas não conseguiu retirar os valores.

              A fraude praticada por Adalberto Diniz chegou ao conhecimento dos demais
advogados,  que ingressaram  com quatro  ações  na Justiça  do Estado  do Acre para
conseguir que o fictício Paul Alexander Church pagasse dívidas contraídas por meio das
notas  promissórias  falsas.  O  grupo  conseguiu  sacar  275  mil  reais  da  conta  do  fictício
devedor, mas o esquema foi descoberto, evitando­se, assim, a retirada de todo o dinheiro
pertencente à União.

Consulta processual

              As ações penais propostas pelo MPF foram recebidas pela Justiça Federal e
distribuídas  para  a  3ª  Vara,  podendo  ser  consultadas  pelos  números:  04­
03.2014.4.01.4100,  08­40.2014.4.01.4100,  06­70.2014.4.01.4100,  02­33.2014.4.01.4100
e 1010­20.2014.4.01.4100.

Fonte: MPF/RO (www.prro.mpf.gov.br)

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