Nem mesmo depois de “morto”, o Banco do estado do Acre, Banacre, fechado em 1998 é deixado em paz.
Depois da liquidação do patrimônio do banco, agora a briga está entre seus ex-funcionários. No centro do conflito, a sede da Associação Atlética Banacre, localizada no bairro Nova Estação, uma área nobre e bem localizada.
A pendenga entre os ex-funcionários começou depois que um grupo descobriu que a atual diretoria da Caben, Caixa Beneficente dos Funcionários do Banco, vendeu, em novembro do ano passado, o único imóvel que pertencia aos associados, a sede campestre.
O negócio, envolto em um mistério desde o valor da negociação até o destino do dinheiro, pode render na justiça uma briga sem previsão para acabar.
A denúncia da venda supostamente ilegal da sede da Associação partiu de um grupo de ex-funcionários que discorda da atitude tomada pelo atual presidente da Caben, Tadeu Figueiredo, que comandou as negociações.
Foi ele, segundo os ex-companheiros de trabalho, quem negociou, junto com outros vinte e dois associados, as negociações entre a Caben e a empresa Albuquerque Engenharia, que teria pago pelo imóvel, cerca de R$ 1,1 milhões e mais quatro apartamentos.
A denúncia
Segundo Emerson Costa Gomes, ex-funcionário que organiza o grupo excluído do processo, em 1998, durante o fechamento do banco, os associados decidiram incorporar a Associação Atlética ao patrimônio da Caben, instituição sem fins lucrativos, onde 488 associados constavam como proprietários. Porém, á revelia da maioria dos associados, o atual presidente alterou o estatuto, e iniciou o processo de venda.
“ Nós tomamos conhecimento da venda e enviamos ao presidente um documento pedindo prestação de contas. Ele nos enviou atas sem registro em cartório. Acho que fomos vitimas de má fé. Não tem porque fazer isso as escondidas. Todos os sócios moram no Acre, todo mundo se conhece, e porque ele fez isso sem nos consultar?,”indagou ele.
Ainda de acordo com Emerson, a venda da sede, só poderia ocorrer com a participação maciça dos sócios. Por isso, ele que está á frente do grupo dos “excluídos”, convocou para o próximo sábado uma reunião para que sejam deliberadas as medidas a serem adotadas no processo.
Pedido de anulação
Emerson Costa Gomes preferiu não falar pelo grupo, mas adiantou que se a maioria decidir brigar por seus direitos, será feito á justiça um pedido de anulação da venda. Para ele, a negociação do patrimônio sem a participação efetiva de seus proprietários, se configura em ato ilícito.
“Nós queremos é o estatuto correto, que é o cumprimento dele. Queremos prestação de contas. Essa instituição estava parada, mas pertence aos ex-funcionários. Nós temos o direito de sermos ouvidos. Queremos participação em tudo, inclusive na venda”, alertou.
Presidente nega calote
O atual presidente da Caben, Tadeu Figueiredo, explicou que o negócio foi realizado de forma legal e ás claras. Segundo ele, foram convocados para a assembléia que deliberou a venda, apenas os associados que estavam em dias com a instituição.
“Existem mais de trezentos ex-funcionários, mas somente vinte e três estavam em dias com a Caben. Convocamos esses sócios e eles decidiram aceitar a oferta da empresa interessada. Vendemos a sede da Associação e depositamos o dinheiro em uma conta”, se defende ele, sem, no entanto revelar o valor do negócio.
Figueiredo disse ainda que por se tratar de uma instituição sem fins lucrativos, a Caben não poderá usufruir do dinheiro.
“A gente vai repassar o dinheiro para outra instituição filantrópica”, garantiu.
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