Na primeira vez em que Vasco e Flamengo disputaram o Clássico dos Milhões no Engenhão, neste domingo, não houve vitória. A equipe vascaína, superior no primeiro tempo, fez 1 a 0, com Cesinha, mas não soube manter a vantagem na segunda etapa, principalmente após a expulsão do zagueiro Dedé, aos 19 minutos, punido pela dura dividida com Willians. Renato empatou de cabeça para os rubro-negros, e os dois times seguem no Brasileirão sem mudar a situação atual na tabela.
Em 12º lugar, com 42 pontos, o Vasco continua longe da briga por uma vaga no G-4. O Flamengo, em 13º, com 38, não consegue se afastar com boa margem de pontos dos clubes que ainda lutam contra o rebaixamento. Agora, o jeito é investir na 32ª rodada. Mas as partidas prometem ser difíceis. O Rubro-Negro receberá o Corinthians nesta quarta-feira. A equipe cruzmaltina encara o Vitória em Salvador. no Barradão, no próximo sábado.
No início do jogo no Engenhão, que mesmo com o Clássico dos Milhões não mostrou público bom - pouco mais de 20 mil pagantes -, houve uma cena rara: jogadores do Vasco e do Flamengo se juntaram para uma foto com enorme cartaz em homenagem aos 70 anos de Pelé. O time cruzmaltino havia entrado em campo com uma placa homenageando o Rei do Futebol. O rubro-negro surgiu com os atletas vestindo camisa 70 com o nome do Atleta do Século.
Vasco começa melhorQuando a bola começou a rolar, a rivalidade estava de volta. O Vasco entrou mais quente e mereceu a vantagem de 1 a 0 que fez na primeira etapa. Com a marcação adiantada, a pressão no meio-campo era maior. O Flamengo sentiu o baque na saída de bola. A defesa errava passes. Felipe, bem recuado, procurava ditar o ritmo na distribuição do jogo. E o melhor caminho era por Fágner, na direita.
Num escanteio por ali, aos 11 minutos, o primeiro perigo ao gol rubro-negro. Felipe cruzou na cabeça de Dedé, que mandou à direita de Marcelo Lomba. Pouco depois, um erro de passe de Willians quando saía jogando quase foi fatal. Eder Luis aproveitou e bateu com perigo. Marcelo Lomba mandou para escanteio, em boa defesa.
Fla equilibraApesar de errar passes e posicionamento na marcação, o Flamengo procurou reagir. Também pelo lado direito. A ideia do técnico Vanderlei Luxemburgo era explorar a inexperiência do garoto Diogo, lateral-esquerdo cruzmaltino, de 18 anos. Bola ora para Léo Moura, que vinha bem de trás, ou Diego Maurício, bem aberto, como um ponta. As melhores jogadas da equipe rubro-negra até foram por ali.
Na primeira, aos 16, Juan bateu um lateral pela esquerda para Deivid, que tocou de cabeça para o alto. A defesa do Vasco se enrolou, e a bola foi parar na direita. Prass saiu e levou um corte de Léo Moura. O lateral centrou para a área. Kleberson mergulhou de cabeça e deu um peixinho. Diogo salvou em cima da linha.
O meio-campo do Vasco, que entrara com gás na partida e tocando bem a bola, deu mais espaço para o rubro-negro, que encaixou um pouquinho o jogo. Em outra trama pela direita, Diego Maurício arrancou para o meio. Bola para Kleberson, que rolou para Renato bater de canhota, com perigo, para fora. Pouco depois, Diego Maurício, dessa vez, buscou a linha de fundo e cortou Diogo com sucesso. O centro era para Deivid testar, mas a bola saiu mascada para escanteio.
Trapalhada no gol
O sinal ficou amarelo para o Vasco, que havia perdido o controle da partida. Justamente quando estava sendo pressionado, aproveitou-se de nova bobeira na saída de jogo do meio-campo do Flamengo e, depois de trapalhada da zaga, chegou ao gol.
Aos 26 minutos, Maldonado errou a saída de bola. O Vasco a roubou. Nunes, escolhido para começar no lugar de Fellipe Bastos, com virose, tocou para Zé Roberto, esse sim, recuado como meia para ajudar Felipe na armação. O camisa 10 arrancou pela direita e centrou para a área. Welinton, que vinha na corrida, chegou tentando cortar a bola e a mandou em cima de Juan. A bola foi contra o próprio gol, no travessão, e voltou na medida para Cesinha tocar para as redes: Vasco 1 a 0.
Com a vantagem no placar, o Vasco retomou o controle da partida. Principalmente pela função tática de Zé Roberto. Mais afobado, o Flamengo errava passes - Willians, Kleberson e Renato - e, curiosamente, abandonou sua jogada mais perigosa, pelo lado direito. Preferiu insistir na esquerda, com Juan, envolvido por Fágner ou Zé Roberto, bem posicionado por ali para explorar com velocidade o contra-ataque.
Eder Luis era outro que usava bem a rapidez. Enfileirou três marcadores até receber a falta de David Braz - que merecia um cartão amarelo. Na cobrança, Dedé obrigou Marcelo Lomba a mais outra boa defesa. O Flamengo até tentou o empate no fim, numa cabeçada de Deivid, mas o Vasco saiu merecidamente com a vantagem.
Vanderlei mexe no Fla
Vanderlei mexeu no Fla no intervalo. Sacou o apagado Kleberson para pôr Petkovic. Mas pela esquerda. Além disso, o meio-campo continuava errando na saída de bola. Logo no início, Willians quase entregou o ouro para Felipe, que tentou encobrir Marcelo Lomba.
PC Gusmão recuou o Vasco para tentar decidir no contra-ataque. Deu campo para o Flamengo, que pouco aproveitava a posse de bola. Tanto que, aos 15 minutos, Vanderlei fez mais duas mexidas: trocou o nulo Deivid por Diogo e o confuso Juan por Marquinhos - Renato foi deslocado para a lateral. Quase deu certo. No minuto seguinte, Diego Maurício, agora pela esquerda, foi ao fundo e centrou para Diogo, que bateu mas encontrou os pés de Prass, em boa saída do goleiro vascaíno. No rebote, Pet tentou encobrir de cabeça, mas Diogo salvou.
Dedé é expulso, Fla empataAos 19 minutos, num jogo até então sem cartões amarelos, um lance que gerou discussão: Willians e Dedé entraram duro numa dividida. Só que o zagueiro do Vasco entrou de sola e acertou o tornozelo do camisa 8. O árbitro Gutemberg de Paula Fonseca aplicou-lhe o cartão vermelho (assista ao vídeo ao lado). O time do Vasco, além do técnico PC Gusmão, reclamou muito da marcação.
Logo em seguida, o treinador vascaíno trocou Zé Roberto, que vinha bem, por Jadson. Com um jogador a mais, o Flamengo se lançou ao ataque e quase empatou numa jogada individual de Diego Maurício, pela direita. O camisa 49 arrancou e bateu cruzado, para grande defesa de Fernando Prass.
PC Gusmão resolveu botar o garoto Fellipe Bastos, poupado com virose, no lugar de Felipe, já cansado e nervoso desde a expulsão de Dedé. Era necessário lançar alguém para servir Eder Luis, obrigado a recuar, e Nunes, naquele momento isolado na frente. Mas o time, muito recuado, dava campo ao Flamengo, que, apesar de lento na troca de passes, chegou ao empate aos 35 minutos. Em jogada pela esquerda, Marquinhos centrou para Renato Abreu tocar de cabeça, de costas para o gol, à esquerda de Fernando Prass, sem defesa.
O técnico vascaíno perdeu a cabeça e acabou expulso pela terceira vez na competição. Diego Maurício quase fez o gol da vitória no fim - Fernando Prass salvou e se contundiu, quase sendo substituído. O empate era mais merecido num clássico em que não houve superioridade gritante de nenhuma das equipes.
Fernando Prass, Fagner, Dedé, Cesinha e Diogo; Rafael Carioca, Rômulo, Zé Roberto (Jadson) e Felipe (Fellipe Bastos); Eder Luis e Nunes (Renato Augusto) | Marcelo Lomba; Léo Moura, David Braz, Welinton e Juan (Marquinhos); Maldonado, Willians, Kleberson (Petkovic) e Renato; Deivid (Diogo) e Diego Maurício |
Técnico: PC Gusmão | Técnico: Vanderlei Luxemburgo |
Gols: no primeiro tempo, Cesinha, aos 26 minutos. No segundo tempo, Renato Abreu, aos 35 | |
Cartões amarelos: Felipe e Eder Luis (Vasco) e Marquinhos e Renato Abreu (Flamengo) Cartão vermelho: Dedé (Vasco) | |
Local: Engenhão (Rio de Janeiro). Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca (RJ). Auxiliares: Ediney Mascarenhas (RJ) e Luiz Muniz de Oliveira (RJ). Renda: 575.820,00. Público: 21.519 pagantes |
Comentários