Confraternização entre Funasa e kulinasdo Alto Purus reúne centenas em aldeia

# Com torneio de futebol, distribuição de presentes e churrasco,kulinas de sete aldeias do Purus comemoram avanços na saúde
"Antigamente meu povo adoecia muito e como não havia este trabalho,morria muita criança e adulto também, reduzindo cada vez mais a nossanação. Agora, com esse trabalho da Funasa e das prefeituras, nossopovo está aumentando. A gente tem as equipes nas aldeias todos osmeses, com médico, dentista, exames e remédios, temos os agentes desaúde indígena nas aldeias e tem pólo-base em todos os municípios".Assim, o agente indígena de saúde Davi Kulina resumiu o motivo dacomemoração, pelo seu povo, realizada no último sábado (22), na aldeiaSanta Júlia, no Alto Rio Purus.Davi, que mora na aldeia Santo Amaro e que também é membro do ConselhoDistrital de Saúde Indígena (Condisi) do Alto Rio Purus, era apenas umdos centenas de kulinas de outras seis aldeias que viajaram até pordias, de barco, para a confraternização na Santa Júlia. O eventoreuniu a equipe multidisciplinar do pólo-base de Manuel Urbano, oprefeito local, Manoel Almeida (PP), secretários municipais e ocoordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Purus(Dsei-Arpu), Gelcimar Mota.A festa começou cedo, por volta das 7h de sábado, com os preparativose o campeonato de futebol de campo entre as sete aldeias kulinas doAlto Purus. A equipe da aldeia Santo Amaro venceu a disputa. Após ocampeonato masculino, foi a vez das equipes femininas das aldeiasSanto Amaro e Santa Júlia se enfrentarem, com a última sendo vitoriosapor 1 x 0. Os vencedores receberam medalhas e troféus.Enquanto acontecia o campeonato de futebol de campo, membros da equipemultidisciplinar de saúde indígena da Funasa e da prefeitura de ManoelUrbano distribuíam brinquedos às crianças kulinas. Os agentesindígenas de saúde e as parteiras também ganharam presentes da equipe.Muitos brindes ainda foram sorteados entre os kulinas.Paralelamente ao campeonato e à distribuição de presentes, outrosmembros da equipe da Funasa e da prefeitura, com o auxílio doskulinas, preparavam o churrasco do boi que foi morto no dia anterior.Por volta das 12h, o almoço foi servido em um clima de festa, tantopara os kulinas quanto para os profissionais da saúde indígena erepresentantes das instituições envolvidas.
Manter parceria e ampliar atendimentoPara os representantes da Funasa e da prefeitura de Manoel Urbano, acomemoração em torno da melhoria da saúde nas aldeias kulinas do AltoPurus só foi possível devido à parceria entre as instituições, quelevou a uma melhor prestação do serviço. O coordenador do Dsei-Arpu,Gelcimar Mota falou da importância da parceria, da dedicação da equipemultidisciplinar e da colaboração das comunidades indígenas."É preciso manter e melhorar este trabalho, que está apresentandoresultados positivos, mas é preciso, também que vocês (índios) sigamas instruções da equipe, principalmente sobre higiene e saúde", frisouGelcimar.Já o prefeito reeleito Manoel Almeida, além de destacar a importânciade manter e reforçar a parceria com a Funasa, na área de saúde, disseque em seu próximo mandato que ampliar o atendimento nas aldeias."Vamos buscar valorizar cada vez mais a cultura indígena, incentivandoo turismo, a realização de suas festas e a produção de seu artesanato.Isso vai trazer mais recursos e melhores condições para as aldeias",salientou o prefeito.
Dedicação e superaçãoAprendizado, dedicação e superação de limites fazem parte do trabalhoda equipe multidisciplinar de saúde indígena da Funasa e da prefeiturade Manoel Urbano. Os profissionais enfrentam sol, chuva, mosquitos eos perigos da selva e rios amazônicos em viagens de até 20 dias, em umbatelão (pequeno barco), pelo rio Purus, visitando aldeia por aldeia.No sábado, já havia três dias que a pequena embarcação estava ancoradana aldeia Santa Júlia, realizando atendimentos médico e odontológico,exames como o preventivo de câncer do colo do útero, testes rápidos deHIV e hepatites, teste do pezinho e busca ativa de tuberculose. Tambémfazendo distribuição de medicamentos e dando orientações de higiene esaúde.No pequeno barco, um médico, uma enfermeira, um dentista, trêstécnicos em enfermagem, uma cozinheira e dois barqueiros dormem,comem, se banham com a água barrenta do rio e convivem durantesemanas. Eles dormem encolhidos em redes atadas no pequeno espaço daembarcação."Na verdade, esse trabalho é um grande aprendizado para nós, dehumildade, de simplicidade, de respeito à vida e à natureza, desolidariedade e fraternidade. Aqui não tem ninguém melhor, maior oumais importante que o outro. Todos somos iguais, fazemos parte de umaequipe que precisa trabalhar unida. E nesse trabalho aprendemos muitoscom os índios, principalmente humildade e o respeito ao outro e ànatureza", disse o clínico geral Sílvio Roberto Fontes de Lima, 35.Natural de Recife (PE), Sílvio cursou medicina na Bolívia, ondeconheceu a acreana com quem se casou. Depois passou a trabalhar nointerior do Acre, há quatro anos, onde atendia muitos índios. "Porisso a Funasa me convidou para trabalhar com saúde indígena", explica.Ele está na equipe de Manoel Urbano há 10 meses e diz que nesseperíodo já se acostumou com as dificuldades e as precárias condiçõesenfrentadas no trabalho.

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